By Mariusa Colombo
Fiz essa foto do lixo na Suíça, onde morei por alguns meses depois de terminar minha pós-graduação na Itália. Em vez de coleta seletiva, o que vi na cidade de Aubonne foi uma “entrega seletiva”. Os moradores armazenavam o lixo em casa e, nos dias indicados, levavam tudo ao ponto de entrega.
Fiz essa foto do lixo na Suíça, onde morei por alguns meses depois de terminar minha pós-graduação na Itália. Em vez de coleta seletiva, o que vi na cidade de Aubonne foi uma “entrega seletiva”. Os moradores armazenavam o lixo em casa e, nos dias indicados, levavam tudo ao ponto de entrega.
Fiquei impressionada. Uma revolução aconteceu dentro de mim. Fui para casa sabendo que tinha uma missão a cumprir.
Reservei espaço na cozinha para acumular um monte de sacolas de lixo. Uma recebia só papéis; outra, papelões; uma sacola mais robusta ficou reservada aos vidros e outra ainda aos metais; separei uma para plásticos; e mais uma para garrafas PET (feitas de um plástico de outra densidade e que, por isso, é reciclado de maneira diferente).
Ah, quase esqueço! O óleo... O óleo que usava na cozinha também deveria ser levado ao ponto de coleta e reciclado. Os suíços não jogam óleo na pia da cozinha nem no vaso sanitário. Meu vizinho explicou que, quando faz frio, a gordura endurece, solidifica e pode entupir a tubulação.
Num sábado pela manhã retirei as sacolas da cozinha. O porta-malas do carro ficou pequeno, mas levei tudo ao ponto de coleta, onde encontrei muita gente fazendo o mesmo. Adorei ver crianças ajudando os pais a recolher as tampas de garrafas PET (que também são de outro material plástico, cuja reciclagem é diferente).
Cada sacola tinha um contêiner específico para ser despejada. Havia até um coletor menor destinado a pilhas e baterias. E havia o tal coletor para óleo. Curiosa, abri os contêineres e vi que os moradores da cidadezinha levavam muito a sério a tarefa.
Minha cozinha no Brasil é menor do que a que eu tinha na Suíça. Meu prédio também não tem um espaço com latões coloridos e cartazes explicativos que possam ser vistos pelos moradores. Mas, agora, nada me impedirá de separar o lixo da mesma forma. Aquela cidade e seus moradores precisam ser minha “pedrinha no sapato”.
Também gostaria que vocês se sentissem tão incomodados quanto eu ao saber que, no Brasil, a cada ano, são desperdiçados R$ 4,6 bilhões porque não se recicla tudo o que poderia ser reciclado. Se os moradores daquela cidade suíça fazem algo diante do enorme desperdício, então estou convencida de que também podemos fazer algo aqui no Brasil.
Em casa, no trabalho, no escritório, no supermercado, no dia-a-dia, viramos produtores – produzimos o que se resolveu chamar de lixo. Somos produtores e consumidores passivos.
O primeiro passo para a mudança é percebermos que o lixo é fonte de riquezas e, para ser reciclado, precisa ser encaminhado a uma lixeira adequada. Podemos começar de forma bastante simples, mas fundamental: separando o lixo orgânico do chamado seco; assim, estaremos contribuindo para a valorização da limpeza pública e para formar uma consciência ecológica. E ainda temos a comodidade de ver o lixo sendo resgatado na porta de nossa casa, de nosso prédio, de nosso condomínio...
Dia desses, contatei meu ex-vizinho suíço e disse a ele o que pretendo começar a fazer aqui no Brasil. Disse-lhe que na minha próxima reunião de condomínio vou falar sobre a coleta seletiva e a importância de separar o lixo dentro da própria cozinha. Disse-lhe também que, em pouco tempo, espero estar com essa atividade implantada no meu prédio e que estava certa de ter a colaboração de outros moradores.
Há uma infinidade de atitudes que podemos tomar quando o assunto é preservar o meio ambiente com economia. Vou escrever aqui sobre cada uma dessas atitudes com muita paixão, pois, para mim, tão importante quanto a preservação desse maravilhoso planeta que temos à nossa disposição é saber que você acredita que sua iniciativa também fará diferença na vida de todos nós.
Extraído de: http://www.selecoes.com.br/pedrinha_no_sapato_3119
Mariusa Colombo é bióloga, especialista em Saneamento Ambiental e mestre em Desenvolvimento Sustentável e Gestão de Sistemas Agro-Ambientais da Universidade de Bolonha, Itália.
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